Pela etimologia da palavra, RECIPROCIDADE é a qualidade ou caráter de recíproco, mútuo. No dicionário, tem a complementaridade como sinônimo. Diz do que se alterna entre duas pessoas, um em resposta à outra.
Na vida cotidiana, reciprocidade nada mais é do que ‘dar e receber’. Dar e receber na mesma medida, na mesma intensidade. É uma relação plena em que o equilíbrio é frequente. Aqui vale o famoso clichê
Gentileza gera gentileza!
A relação recíproca é sustentada por bondade, respeito e gratidão. “De fato, quando duas ou mais pessoas se aceitam, se compreendem, outorgando-se uma mútua confiança e afeto, nada impede que sejam espontâneas, mais livres e verdadeiras.” (ROMERO, 1999)
E isso vale para todos os tipos de relação. A reciprocidade é fundamental em relações amorosas, amizades e familiares. Mas, a presença do vínculo de amizade em quaisquer relações, podem gerar a melhoria do convívio e, respectivamente, a consolidação da reciprocidade, como nos mostra Romero (1999):
Entre amigos os afetos geralmente são leves, sustentados por uma interação parcial; a amizade se dá em termos de estima, e respeito e aceitação mútuas e alguma afinidade em relação a uma área determinada. Basta esta afinidade ou interesse comum para que a amizade se mantenha sem maiores atritos. Duas pessoas se aproximam pelo cultivo de uma arte, o agrado de uma troca de opiniões a militância no mesmo partido ou na mesma igreja e inclusive pelo simples fato de partilhar as mesmas aversões… Entretanto, de todas as formas de interação e compromisso entre duas pessoas, a amizade talvez seja a que mais nos permite chegar a um verdadeiro encontro com o outro – e a que melhor nos permite sentir a simples boa vontade do próximo.
A reciprocidade é a relação em que cada um é para o outro como si mesmo. Cada um é o mesmo que o outro num sentido humano, e não de idêntico ou de coisa. É a interiorização da reciprocidade, interiorização do outro como vínculo humano. (RUBINO, 1999)
Como identificar se está faltando reciprocidade?
Respondendo essas questões é possível começar a avaliar se a relação é sustentada por reciprocidade ou se um dos lados está se doando mais do que o outro:
- Ambos oferecem ajuda nos momentos de dificuldade?
- Há o reconhecimento mútuo das qualidades um do outro?
- Os esforços para manter a relação são na mesma proporção?
- Só um de vocês sempre tem que bancar tudo (financeiramente)?
- Conseguem compartilhar a decisão sobre aonde ir, o que comer ou que filme assistir respeitando os gostos de ambos?
Como ser mais recíproco?
- Exercite a sua bondade, sua vontade de ajudar. Sabe aquele ditado que diz “fazer o bem sem olhar a quem”? Então, é isto!
- Retribua o que receber de bom de forma genuína e natural.
- Nutra relacionamentos positivos e saudáveis, seja com amigos, familiares ou colegas de trabalho, onde imperem a gentileza, a boa vontade e o respeito.
- Seja empático. Tente entender o que o outro sente, tente compreender suas emoções, o que precisa e como pode ser ajudado.
- Alinhe com o parceiro quais são os valores pessoais e expectativas individuais que possuem para a relação.
- Desenvolva a noção de responsabilidade compartilhada. O bem-estar da relação é responsabilidade dos dois. E, para isso, é necessário estar com suas responsabilidades pessoais em dia.
- Faça o bem a si próprio. Quem está com a autoestima e o amor-próprio em dia consegue transmitir gentileza e reciprocidade aos seus.
Como conquistar a reciprocidade?
A reciprocidade só é conquistada quando o outro também está aberto a dar o seu melhor. Ninguém será recíproco se não quiser, nem por compaixão, nem por gratidão. A reciprocidade precisa ser genuína para ser efetiva.
Se não há reciprocidade, deve-se pesar se vale uma conversa para alinhamento de expectativas. Mas, as expectativas estão desalinhadas e são unilaterais, o que vale mesmo é repensar o relacionamento.
Quando há reciprocidade, não existem diferenças ou limitações que vão impedir a relação de dar certo. Pois, a dedicação e o empenho para a relação funcionar são mútuas, tornando o relacionamento leve e satisfatório.
E quando não é assim, fica a reflexão:
Esse relacionamento vale todo o desgaste emocional que está gerando?
Vale a pena continuar investindo em uma relação sem receber o mesmo em troca?
Psicóloga Adriana Lopes – CRP 04/54908 – @psiadriana
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA:
ROMERO, Emilio. As Dimensões da Vida Humana: existência e experiência. Novos Horizontes Editora, 1999.
RUBINI, Carlos. Dialética dos Grupos: contribuições de Sartre à Compreensão dos Grupos. Revista Brasileira de Psicodrama Volume 7, número 2, 1999.
#Psicologia
Envolva-se!
Comentários