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Afinal, Existem Combinados Implícitos e Explícitos nas Relações?

combinados explícitos e implícitos nas relações

Como administrar relações? Quantas vezes você já pensou sobre como a forma de se relacionar com seus pares e sua rede de apoio dependem de uma série de acontecimentos e combinados para que, dessa forma, prossigam evoluindo de maneira sólida e afetiva?

Os combinados implícitos e explícitos nas relações constituem-se de maneira orgânica em sua grande maioria das vezes, assim como na construção de uma casa, onde os tijolos da parede se sustentam com base nos materiais necessários, para a garantia da solidez e durabilidade das ações do tempo e acontecimentos externos.

Todavia, como entender os processos e valores de um outro, garantindo assim, uma via dupla de alinhamento eficaz e genuíno? Se você chegou até aqui, discutiremos no artigo de hoje, as possibilidades de diálogo verbal e corporal em nossos relacionamentos.

Estabelecendo Combinados nas Relações: Uma Tarefa de Construção

De acordo com o filósofo Deleuze em seu livro “Deleuze, Espinosa e o Problema da Expressão” (1968),  organizar os bons encontros e compor sua relação com relações que combinam diretamente com a sua (consigo mesmo), é, em mesma medida, unir-se com aquilo que convém com ele por natureza. Nesse sentido e apesar da complexidade da frase, podemos refletir acerca da constituição do encontro entre pessoas, a partir de denominadores comuns individuais e coletivos, levando em consideração a constituição de afetos e eventuais desafetos, aos quais podem ser observados em nossos relacionamentos.

Não somente nos fatores iniciais deste encontro, como em certa medida a formação dos “próximos capítulos” destas relações, são observados interações entre as partes envolvidas, promovendo o entrelaçamento de suas histórias e criando assim, momentos em comum aos quais posteriormente, tornam-se lembranças.

Mas ok! Como estabelecer então, um relacionamento genuíno com este outro (ou outros), de forma a demonstrar compassivamente que podemos “ser” por ali?

Um bom viés teórico para nos basearmos está da ACP (Abordagem Centrada na Pessoa), desenvolvida por Carl Rogers, cuja abordagem valoriza a aceitação, acolhimento e a autenticidade do outro. Não seria esta, uma boa forma de enxergar nossas relações?

A partir da ACP, podemos pensar em algumas estratégias facilitadoras do diálogo e aceitação ao nos expressarmos e ouvirmos em nossos relacionamentos. São elas:

  • Empatia: Devemos ser capazes de tentar enxergar o outro buscando nos aproximarmos da visão deste, tendo desta forma, maior disponibilidade em nos livrarmos de nossos princípios e valores, compreendendo assim, a perspectiva alheia, a partir de seus motivos, necessidades e sentimentos.
  • Congruência: Os indivíduos se responsabilizam pelos seus sentimentos, além de dar ao outro o direito de pensar a respeito. Há uma expectativa onde o outro se responsabilize também por seus sentimentos, sentindo-se livre de ameaças, e apoiado na aceitação e no acolhimento.
  • Aceitação Incondicional Positiva: É a forma dos indivíduos em aceitarem o outro sempre de maneira positiva, entendendo que os indivíduos à sua maneira, procuram sentir-se bem e encontrar-se. Lembrando que, aceitar não significa concordar.

Por isso, torna-se fundamental o estabelecimento de comunicação entre os indivíduos envolvidos, sejam elas de maneira explícita ou implícita. Segue abaixo alguns exemplos de formas implícitas e explícitas de comunicação e combinados ao nos relacionarmos:

  • Explícita: Diálogo verbal, conversas pontuais, lista de objetivos em comum, avisos verbais ou escritos sobre a divisão de tarefas, etc.
  • Implícita: Expressões corporais que viabilizam sentimentos, toque físico, crenças e valores em comum (formando um contrato social), redes de apoio com crenças semelhantes, religião, posicionamento político, etc.

Tais exemplos são desenvolvidos com base nos pilares da existência de uma convivência, ocasionada por fatores externos como o tempo, e internos, como o desejo entre pares e coletivos de se encontrarem ou estarem juntos em determinados ambientes.

construção de valores individuais nas relações

Como Acontece a Construção Individual de Valores?

Ao nos relacionarmos e consequentemente, conhecermos pessoas em nossas vidas, trazemos conosco uma bagagem relativa às nossas vivências, crenças e perspectivas sobre quem somos no mundo. Porém, como acontece a construção individual destes valores?

Recorrendo à estudos sobre identidades individuais e sociais, Brandão (1990, p. 37) observa que “os acontecimentos da vida de cada pessoa geram sobre ela a formação de uma lenta imagem de si mesma, uma viva imagem que aos poucos se constrói ao longo de experiências de trocas com outros: a mãe, os pais, a família, a parentela, os amigos de infância e as sucessivas ampliações de outros círculos de outros: outros sujeitos investidos de seus sentimentos, outras pessoas investidas de seus nomes, posições e regras sociais de atuação”.

Nesse sentido, é importante considerar que nossas individualidades são formadas em suma, por produções subjetivas de outras individualidades, formando uma grande “teia” de ideias, valores e modos de existência, desde nossos primeiros anos de vida. Dessa maneira, nos constituímos como indivíduos, com a capacidade de realizar escolhas e nos posicionarmos ao interagirmos com a sociedade e os grupos aos quais estamos inseridos ou escolhemos nos inserir.

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Referências

  • Brandão, R. C. (1990). Identidade e etnia: construção da pessoa e resistência cultural. São Paulo: Brasiliense.
  • 6ª Ed. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2009. ROGERS, Carl R.
  • Spinoza et le problème de l’expression. Paris: Minuit, 1968.

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