Na série sul-coreana Round 6 – lançada em setembro – que alcançou a marca de mais de 142 milhões de visualizações e mais de 1,91 bilhão de minutos visualizados, centenas de pessoas endividadas aceitam participar de um jogo de sobrevivência na disputa por um prêmio bilionário. A série replica nossas relações sociais mais simples e elucida desafios da vida adulta, tais como: dificuldades financeiras e a falta de significado social gerada por elas, violência, ganância, machismo, egoísmo, escolhas difíceis e a dicotomia entre sucesso e fracasso.
Outro aspecto apresentado em Round 6 é que a insegurança pode ser gatilhos para ações violentas, diminuição moral e traições. E, independente do prêmio que se pleiteia e das motivações que levam às pessoas ao desejo por conquistar o prêmio, os personagens, em relações líquidas onde nada é feito para durar, parafraseando Bauman, vivem momentos em que as máscaras caem, os afetos se escasseiam, o endividamento é generalizado e a máxima “cada um por si” prevalece. É o mundo das incertezas e da ausência de colaboração em que os indivíduos são capazes de tudo (ou quase tudo) para garantir o prêmio.
Round 6 é o retrato da sociedade moderna em que desigualdade social e econômica, violência e, por fim, o medo, fazem parte de uma contexto em que as pessoas são sujeitadas aos seus mais assustadores temores. Vivemos em um ambiente inseguro por definição em que somos expostos a contextos geradores de ansiedade em que somos mais submetidos ao perigo que à segurança (Bauman, 2021).
Lembrando que, por mais que toda a série gira em torno de brincadeiras infantis, a censura da produção é de 18 anos, ou seja, não foi criada visando o público infantil. A série contém cenas de tortura psicológica, violência explícita e sexo, conteúdos para os quais as crianças ainda não possuem discernimentos suficiente para uma percepção preventiva. Ou seja, a classificação etária deve ser respeitada e crianças não devem assistir à série.
Mas, o que é a insegurança?
Insegurança é um estado emocional de inferioridade em que o indivíduo não se sente bom ou preparado o suficiente para realização de uma determinada atividade ou, até mesmo, não digno de ser amado, reconhecido, aceito e respeitado. A insegurança gera o sentimento de incapacidade e de menos-valia.
No dia-a-dia, a insegurança pode ser um grande obstáculo na conquista de objetivos e, respectivamente, na busca por propósito.
Como reconhecer uma pessoa insegura (ou se estou vivenciando a insegurança)?
- Pessoas inseguras podem sentir uma constante necessidade de demonstrar superioridade, mesmo não se sentindo assim;
- Há um constante medo de arriscar, de se expor, de tentar algo novo;
- Frequente dificuldade de dizer não e de se posicionar;
- Medo de não agradar, de não ser aceito;
- Necessidade de validação e aprovação por terceiros;
- Dificuldade em identificar seus potenciais e habilidades;
- Tendência a ver sempre o “copo meio vazio”, ou seja, enxergam sempre o lado negativo das situações;
- Perfeccionismo constante;
- Pessoas inseguras têm o hábito de reclamar constantemente e em todas as situações. Pra eles, nada está bom!
E como devo lidar com uma pessoa insegura?
- Seja respeitoso com a pessoa que está demonstrando insegurança;
- Dê apoio para que essa pessoa consiga manter o foco em coisas positivas e, assim, restabelecer sua autoestima;
- Evite expor a pessoa à situações estressoras; e,
- Indique à pessoa que o auxílio de um psicólogo pode auxiliá-la a lidar com a insegurança e ter mais qualidade de vida.
Pronto! Agora quero deixar de ser inseguro. O que fazer?
Abandonar a insegurança não é algo que se resolve do dia pra noite, porém é algo possível de ser realizado desde que haja comprometimento e dedicação ao processo de mudança de mindset. Então,
- Identifique suas inseguranças. Reflita sobre quais situações em sua vida você se sente inseguro e quais são os gatilhos para que esse sentimento apareça.
- Se acolha, se olhe com carinho, aceite que todos temos pontos de melhoria e se esforce para evoluir os pontos que te incomodam.
- Trabalhe seu autoconhecimento. Quanto mais se conhecer, mais fácil identificar a insegurança e o que mudar para se desfazer desse sentimento.
- Desenvolva novas competências e adquira mais conhecimentos. Eles podem não resolver seus problemas, mas trarão mais embasamento e segurança em situações desafiadoras.
- Busque ajuda de pessoas próximas e, se necessário, de um profissional. Nesse processo, pode ser fundamental a ajuda de um psicólogo para auxiliar nesse contexto de desenvolvimento.
REFERÊNCIA:
BAUMAN, Zygmunt. Tempos líquidos. Rio de Janeiro: Zahar, 2021.
Envolva-se!
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